Em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira, 16 de Junho, o Prefeito de Lagoa da Prata, Paulo Teodoro, discorreu sobre as razões que levaram o município a pedir sua exclusão do Cis – Urg – Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Ampliada Oeste, responsável pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU.

Na quarta-feira, profissionais aprovados no processo seletivo do Cisurg estiveram no prédio da prefeitura acompanhados de vereadores, tentando falar com o prefeito, mas eles não foram recebidos pelo chefe do Executivo. Conforme apurou o Jornal Cidade, eles buscavam informações sobre o cancelamento do convênio.

“A nossa reivindicação é porque fizemos o processo seletivo e fomos classificados. Fizemos a prova, a capacitação e estávamos apenas aguardando para assinar o contrato. Esta semana fomos surpreendidos que a base onde seria o SAMU estava sendo transformada em consultório dentário”, afirmou a técnica de enfermagem Maraísa Márcia Ferreira Silva à reportagem do JC.

Coletiva com meios de comunicação anunciou a saída do consórcio Cisurg
Coletiva com meios de comunicação anunciou a saída do consórcio Cisurg

Demora e aumento dos custos motivou a saída, diz prefeito

O Prefeito Paulo Teodoro conversou com representantes da imprensa em seu gabinete, explicando as razões que levaram o município a sair do Cisurg.

“Na realidade, por que Lagoa da Prata não vai aderir ao Samu? No início das conversas, na formação do consórcio do Cisurg, onde até então 55 cidades iriam aderir a esse consórcio, nós começamos a discutir a viabilidade de instalar o Samu em toda a região, nestas 55 cidades, com participação do governo federal, governo estadual  e dos municípios. Naquele momento, na primeira conversa, valeria a pena sem dúvida alguma. Lagoa da Prata teria um ambulância, não uma UTI, mas uma ambulância simples, para dar um suporte no transporte de urgência e emergência de Japaraíba, Luz e Moema, aqui na micro região”, explica.

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Teodoro argumenta que a Prefeitura fez os pagamentos regulares do consórcio, mas com o aumento do valor e o serviço a ser oferecido, a administração entendeu que não seria vantajoso permanecer no grupo.

“Fizemos o cálculo naquele momento e até então valeria a pena. Só que as coisas foram acontecendo – tanto é que o município de Lagoa da Prata foi realizando os depósitos de R$ 2.500,00 por mês para a manutenção desse sonho do consórcio. Só que chegou a um ponto em que a demora aumentou muito e o valor acabou tornando-se inviável tendo em vista que seria uma ambulância simples e em Lagoa da Prata a gente já tinha essa estrutura. Nós temos uma ambulância, que é o resgate municipal que tem um motorista, um técnico de enfermagem, um enfermeiro, fazendo o serviço para atender o cidadão de Lagoa da Prata”, explica.

O Prefeito diz também que com a inadimplência de outros municípios consorciados, a conta poderia sobrar para os outros.

“Então o que vai acontecer com esse consórcio; como várias cidades não estão pagando, simplesmente vai sobrar pras cidades maiores que vão conseguir segurar. Então aquilo que custaria R$ 12.500,00 por mês daqui a pouco vai estar passando para vinte mil, trinta mil, para ter uma ambulância simples e se ter a obrigação de dar o suporte para as cidades vizinhas”, justificou.

Paulinho assegura que não faltará atendimento aos lagopratenses que precisarem de socorro médico.
Paulinho assegura que não faltará atendimento aos lagopratenses que precisarem de socorro médico.

“Em Lagoa da Prata qualquer cidadão que precisar de um transporte de emergência liga no 156 e imediatamente a ambulância – que é o nosso Samu Municipal vai até o local, resgata a pessoa, já leva pra Upa e consequentemente leva para o  hospital. Estamos economizando dinheiro público e oferendo o serviço para o cidadão de Lagoa da Prata”, afirmou.

Sobre as pessoas que participaram do processo seletivo do Samu em Lagoa da Prata, Paulo Teodoro disse que elas poderão trabalhar no sistema em outras cidades.

“As pessoas que fizeram o processo seletivo do consórcio não tem nenhum compromisso de trabalhar em Lagoa da Prata. Eles fizeram o processo seletivo para trabalhar para a rede, para o consórcio, de 55 cidades. O fato de serem de Lagoa da Prata não dá a eles o direito de trabalhar na cidade”.

 

Prefeito diz que vai processar diretor técnico do consórcio

“Deixo aqui a minha insatisfação muito grande com o diretor do consórcio, José Márcio, que deveria ser mais claro e mais transparente e ele não está fazendo isso. Muito pelo contrário, ontem ele tentou criar um tumulto em Lagoa da Prata trazendo aqui as pessoas que foram aprovadas com alguns vereadores. E aqui eu tento blindar a presidente da Câmara, que veio aqui na prefeitura com o intuito e com o espírito de querer ajudar, porque ela não tinha informação. Nós tivemos uma conversa hoje e ela veio para tentar ajudar. Quanto ao diretor do Cisurg, não sei de que forma, mas pretendo fazer contra ele uma representação na justiça pelo tumulto que ele causou aqui”, disparou.

“Lagoa da Prata não participa desse consórcio mais, nós rescindimos o contrato e o serviço de transporte da urgência e emergência está sendo prestado com total economia e a qualidade que o cidadão de Lagoa da Prata merece”, finaliza Paulo Teodoro.

Segundo o prefeito, a saída do consórcio não vai gerar nenhum tipo de multa para o município.

 

Samu Oeste

O secretário executivo do consórcio, José Márcio Zanarde, informou que o serviço é um componente da rede de urgência e emergência de atendimento na região Centro-Oeste. O inicío de operação do serviço depende de alguns componentes dos municípios que integram o Cis-Urg. O Samu Oeste contará com 23 bases descentralizadas distribuídas nos municípios e uma central de regulação em Divinópolis, para onde serão direcionadas todas as chamadas do telefone 192.

As chamadas feitas pelo 192 serão concentradas na central de Divinópolis, onde um médico regulador terá incumbência de destinar o tipo de ambulância e decidir de onde irá partir o atendimento.

 

Inadimplência

O valor da contribuição de cada município integrante do consórcio depende do número de habitantes de cada cidade. Até dezembro de 2015, a Prefeitura de Lagoa da Prata contribuiu com cerca de R$ 2.500,00 mensais. Na época, pelo menos 13 dos 54 municípios estavam devendo as parcelas do consórcio, segundo o Secretário de Saúde, Geraldo de Almeida. Neste ano o valor da contribuição de Lagoa da Prata subiu para R$ 12.500,00 e até o mês de março somente três municípios estavam em dia com o Consórcio, ainda de acordo com o Secretário de Saúde.

Esse fato gerou o receio de que a conta pudesse sobrar para os municípios maiores, segundo o prefeito.

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