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Em 2020, “Jurassic Park”, livro que eu li aos 12 anos e inspirou a série de filmes iniciada por Steven Spielberg no início da década de 1990 completa 30 anos. E se você assistiu ao clássico original e até hoje tem na memória seus personagens, possivelmente vai se recordar do avô dono do parque.

Richard Attenborough
Reprodução

Richard Attenborough em cena em “Jurassic Park”


John Hammond, personagem que não poupou despesas para trazer à vida os dinossauros que introduziu em seu zoológico pré-histórico, foi interpretado pelo ator britânico Richard Attenborough (1923-2014). “É o personagem principal e eu não consigo pensar em ninguém para interpretá-lo senão você”, Spielberg teria dito a ele. À época, Attenborough já não atuava há quase dez anos.

Mas por que o diretor o queria tanto em seu filme? Porque Attenborough reunia características compatíveis com o personagem da ficção. Além de ser um veterano bem-sucedido (dentro e fora das telas, como ator, mas também produtor e diretor premiado e membro da nobreza), era avô apaixonado por crianças e visionário, sobretudo de iniciativas sociais e humanitárias.

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Legado no cinema

“Jurassic Park” está entre as maiores bilheterias da história e durante a pandemia do novo coronavírus foi o filme mais assistido nos cinemas dos Estados Unidos, o que reforça e mantém viva a imagem de Attenborough como o “criador” do parque, mesmo após 27 anos da estreia.

Porém, ele tem uma filmografia com dezenas de outros trabalhos e, antes de brilhar em “Jurassic”, consagrou-se por um drama que lançou em 1982 e que ganhou oito Oscars, cinco Globos de Ouro e cinco prêmios BAFTA. “Gandhi”  demorou duas décadas para ser concluído, tamanha a dedicação que Attenborough teve para retratar a vida desse importante líder indiano.

Em 1987, também dirigiu “Um Grito de Liberdade”, sobre o ativista anti-apartheid Steve Biko, e “Chaplin”, em 1992. Foram 60 anos dedicados à sétima arte. Como o “Walt Disney do parque dos dinossauros” cativou tanto o público infantil que, no ano seguinte, 1994, estreou como Papai Noel em “O Milagre na Rua 34” e, três anos depois, voltou para “O Mundo Perdido: Jurassic Park”.

Ativismo fora das telas

Attenborough, ao longo da vida, ainda presidiu diversas instituições, como a Real Academia de Arte Dramática de Londres, onde estudou, a Academia Britânica de Artes do Cinema e Televisão (BAFTA), equivalente em prestígio à academia de Hollywood, e a Fundação Mahatma Gandhi. Na Segunda Guerra, contra o regime nazista, foi sargento da Força Área Real britânica.

Por suas diversas contribuições, em 1967 foi condecorado Comandante da Ordem do Império Britânico e, em 1976, Cavaleiro do Império Britânico. A partir dos anos 1980, pelos esforços prestados contra o colonialismo e a segregação racial, recebeu ainda várias honrarias: Padma Bhushan, o terceiro maior prêmio civil da Índia, Prêmio da Paz Martin Luther King Jr., a Ordem Nacional da Legião de Honra, da França, e o Prêmio Oliver Tambo, do governo sul-africano.

Em 1993, ascendeu como barão na Câmara dos Lordes, instituição ligada ao Parlamento britânico, e pela influência política conquistada, conseguiu em 2007 estabelecer uma estátua do ex-presidente africano Nelson Mandela na Praça do Parlamento, ao lado de figuras como Winston Churchill e Abraham Lincoln. Na cerimônia de inauguração do monumento, Mandela discursou dizendo que realizou o sonho de ver ali a colocação da estátua de um homem negro.

Amigo e mentor de Diana

Como se não bastasse a vida emocionante que teve ao lado de Spielberg, Mandela, Indira Gandhi e Madre Teresa de Calcutá, Richard Attenborough também conviveu com a princesa Diana, de quem se declarava amigo íntimo, professor e confidente de problemas conjugais.

Lady Di o conheceu quando era noiva do príncipe Charles, que procurou o cineasta para ajudá-la a lidar com a timidez e o medo de falar em público. Attenborough não só conseguiu mudar o jeitão da princesa, como ensinou-a métodos de concentração e para escrever discursos.

Os dois compartilhavam ainda o interesse por ajudar pessoas, principalmente crianças e jovens. Attenborough foi patrono e embaixador de organizações como Unicef, United World College, de intercâmbio educacional, e fundou em Suazilândia, na África, o Centro para Aprendizagem Criativa Jane Holland, em memória de sua filha vítima do tsunami de 2004.

O ator morreu em 2014, aos 90 anos. Com a retomada da franquia jurássica no ano seguinte, foi homenageado com uma estátua no novo parque dos dinossauros e ainda nomeia, na Inglaterra, um dos sets do Pinewood Studios, onde curiosamente está sendo rodado “Jurassic World 3”.

Fontes: Encyclopædia Britannica Online; IMDb; The Telegraph; The London Gazette e autobiografia “Entirely Up to You, Darling” (sem tradução), de Diana Hawkins e Richard Attenborough.

Fonte: IG GENTE

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