Na segunda-feira (27), uma jovem de São José dos Campos, interior de São Paulo, foi assediada sexualmente dentro do ônibus e exposta em um site pornográfico. Em relato compartilhado no Twitter, Jai Silva conta que estava no transporte público indo para um curso quando sofreu a violência – que foi filmada por uma terceira pessoa.
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A mulher relata que o caso aconteceu durante a tarde, às 13h, e descreve que o homem que a assediou tinha mais de 50 anos, era branco, alto e loiro. “Ser mulher é ter medo de ir pra rua correr atrás do próprio futuro. Sabem o pior? Fui parar num site pornô. Estou sem chão”, escreve na rede social.
Ela continua: “Não desejo para ninguém a sensação de se sentir usada, como se fosse um objeto!! O machismo está mais próximo de nós, do que imaginamos. Não caiam no mesmo erro que eu cometi, de tentar fingir que nada aconteceu ou que era ‘coisa da minha cabeça’”.
Nunca pensei que fosse acontecer comigo as coisas que vemos na TV. O machismo está mais próximo de nós, do que imaginamos. Não caiam no mesmo erro que eu cometi, de tentar fingir que nada aconteceu ou que era “coisa da minha cabeça”.
— Jai Silva (@JaaaiSilva) January 28, 2020
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Jai fala que, até o momento, o vídeo foi encontrado em mais de cinco sites com mais de 70 mil visualizações. “O que me deixa triste é saber que eu tô acostumada com isso”, comenta sobre a naturalização de atitudes como essa.
Ela ainda fala que já está agindo para denunciar o caso à polícia.
O que fazer em casos como esse?
Infelizmente, o caso de Jai é comum. Uma pesquisa dos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, com apoio da Uber, aponta que quase todas as brasileiras acima de 18 anos (97%) já passaram por situações de assédio sexual no transporte público.
Segundo Ana Paula Braga, advogada especialista em direito das mulheres do escritório Braga & Ruzzi, existem algumas formas de agir em casos como esse. Se o assédio sexual for notado na hora, a vítima pode chamar a atenção para o que está acontecendo. Assim, mais pessoas saberão quem é o agressor e podem se mobilizar até que as autoridades venham até o local.
Também é importante buscar policiais por perto ou a equipe de segurança do local. “No ônibus, peça para o motorista parar e fechar a porta até a viatura da polícia chegar”, fala. Se você não for a vítima, mas vir o caso, tente filmar o ocorrido para gerar provas. “Acolha essa mulher para que ela saiba que não foi culpa dela e se coloque à disposição para ajudá-la, inclusive como testemunha em um futuro processo”.
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Como denunciar
Para denunciar o assédio sexual, basta ir a uma delegacia e fazer o boletim de ocorrência solicitando as medidas contra o agressor. No caso das imagens expostas no site de vídeos pornográfico, Ana Paula orienta a vítima a reunir todo o material que puder (links e capturas de tela, indicando onde, quando e quem compartilhou esse conteúdo) e apresentar no momento da denúncia.
Após a notificação do juiz, os provedores são obrigados a retirar o conteúdo do ar dentro de, geralmente, 24 horas, sob pena de multa diária. Por isso, quanto antes a denúncia for feita, melhor.
Em alguns casos, fazer a denúncia diretamente no site onde o vídeo está hospedado pode ajudar. Para isso, busque a área de direitos autorais. Porém, encaminhar o caso para a polícia é sempre aconselhável para que os envolvidos sejam devidamente responsabilizados.