Meghan Markle , a Duquesa de Sussex, revelou em um artigo autoral publicado pelo The New York Times nessa quarta-feira (25) que sofreu um aborto espontâneo em julho desse ano. O texto, nomeado “The losses we share” (“As perdas que compartilhamos”, em português), traz um relato emocionante da mulher de 39 anos sobre a perda de seu segundo filho.
A esposa de Príncipe Harry contou que vivia uma manhã como todas as outras quando, após trocar a fralda do filho Archie, de 1 ano, sentiu fortes cólicas e caiu no chão com o menino no colo. “Murmurei uma canção de ninar para tentar manter nós dois calmos, o tom alegre da música contrastava friamente com a sensação de que alguma coisa não estava certa”, recordou.
Em um dos trechos mais comoventes da carta, Meghan escreveu: “Eu sabia, enquanto segurava meu primeiro filho, que estava perdendo meu segundo”. Vale lembrar que a atriz é casada com o Príncipe Harry , Duque de Sussex, desde 2018, e deu à luz a Archie em maio de 2019.
O aborto espontâneo é caracterizado pela interrupção repentina da gravidez , que acontece de forma natural até a 22° semana de gestação. A seguir, as ginecologistas Alessandra Evangelista e Erica Mantelli explicam mais sobre o problema. Veja mais sobre o assunto e o relato da Duquesa!
Saiba mais sobre as causas e consequências do aborto espontâneo
Causas
Geralmente, o aborto espontâneo ocorre no primeiro trimestre da gestação , principalmente por alterações genéticas que levam à má formação do bebê. “Também pode ser relacionado a drogas, alcoolismo, doenças crônicas como diabetes, alterações na tireoide, e até mesmo uso de medicamentos que podem prejudicar a gravidez. Outra causa é a incompetência istmocervical, ou seja, o colo do útero da mulher é enfraquecido e, conforme a gravidez evolui, o órgão não consegue segurar o bebê”, explica a ginecologista Erica Mantelli.
Cuidados necessários
De acordo com a ginecologista Alessandra Evangelista, é preciso manter um acompanhamento adequado com o médico obstetra, realizar todas as consultas do pré-natal e fazer os exames indicados, que servem tanto para avaliar a saúde da mãe quanto a do bebê . Além disso, a mulher grávida deve suplementar sua alimentação com o uso do ácido fólico por, pelo menos, três meses antes da gravidez a fim de garantir a boa formação do feto – tudo isso mediante a orientação de um profissional no assunto.
Aborto em números
“Na dor de nossa perda, meu marido e eu descobrimos que em um quarto com 100 mulheres, 10 a 20 delas sofreram aborto espontâneo”, relata Meghan Markle na carta no Times. Um pesquisa publicada pela revista científica Obstetrics & Gynecology revela que a interrupção involuntária da gestação ocorre entre 15% e 20% dos casos, sendo, em sua grande maioria, associados à má formação genética.
“No entanto, apesar da impressionante semelhança dessa dor, a conversa continua sendo um tabu, cheia de vergonha (injustificada) e perpetuando um ciclo de luto solitário”, questiona Meghan. A Duquesa de Sussex ainda pontua que as poucas mulheres que têm coragem de compartilhar suas histórias abrem portas para que outras também possam falar a verdade, assim como ela fez ao The New York Times .
Riscos pós-aborto
O principal risco para a mulher após enfrentar um aborto espontâneo é sofrer uma hemorragia severa, o que pode causar um quadro de anemia . Outras consequências são as infecções decorrentes do sangramento ou do procedimento de curetagem (realizado quando o feto não foi totalmente expelido). “Toda gestante que apresentar qualquer sangramento deve entrar em contato imediato com seu médico e se dirigir ao pronto-socorro obstétrico mais perto”, alerta a ginecologista.
Superando o trauma
Com o aborto espontâneo, as mulheres tendem a ficar abaladas e podem desenvolver problemas psicológicos e emocionais. “Perder um filho significa carregar uma dor quase insuportável. Muitas de nós passamos por isso, mas poucas conseguem falar sobre”, afirma Meghan Markle em carta.
Horas após sofrer o aborto, deitada em uma cama de hospital, a Duquesa revelou que segurou as mãos molhadas em lágrimas do marido e se perguntou como o casal iria se recuperar da perda.
Por isso, é importante que quem passou pela situação busque ajuda profissional para amenizar as consequências. Àquelas mulheres que desejam engravidar novamente, o indicado é procurar um ginecologista para identificar as causas do aborto espontâneo e evitar que a situação volte a acontecer.
Consultoria: Alessandra Evangelista e Erica Mantelli, ginecologistas | Texto: Redação Alto Astral e Milena Garcia