Estava tudo pronto para o ator Velson D’Souza entrar em cena e contar a trajetória do apresentador mais popular do Brasil, mas o que ele – e o restante do elenco – não imaginava é que o novo coronavírus paralisaria o mundo. Com a pandemia, o musical “Silvio Santos Vem Aí” precisou ser cancelado e o destino do espetáculo ainda é incerto. Morando fora do Brasil há mais de nove anos, o ator voltou especialmente para viver o dono do Baú. Em um bate-papo exclusivo com o iG Gente, ele revela se está arrependido, opina sobre a situação da classe artíistica e fala de planos para o futuro.
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Silvio Santos é, sem dúvidas, uma das personalidades mais imitadas do Brasil e a grande expectativa de Velson D’Souza era saber se o Silvio que ele construiu seria bem recebido pelo público. “Foi muito frustrante. Passamos dois meses ensaiando o espetáculo e construindo tudo do zero. O coração estava a mil por hora para saber a reação do público e parar após três apresentações foi bem difícil para todos nós do elenco. O que me deixa muito esperançoso é o fato de que o retorno que começamos a receber tenha sido muito positivo”, afirmou.
A esperança de Velson é que o projeto seja retomado após o fim da quarentena. “Acho difícil dizer que não corre risco de ser cancelado, devido a toda situação que vivemos hoje. Tudo pode acontecer. Porém, eu acho bem difícil o espetáculo não voltar. O nosso início foi arrebatador, foi espetacular! Só é impossível dizer exatamente quando voltaremos, mas eu tenho absoluta certeza que temos tudo para voltar e muito mais fortes”, disse o protagonista do musical interativo, no qual a plateia simula o auditório do programa de Silvio Santos.
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O espetáculo conta o início da vida do camelô, que hoje é conhecido como o dono do SBT. O musical se esquiva das recentes polêmicas envolvendo o apresentador, que já foi acusado nas redes sociais de ser racista, machista e homofóbico por conta de comentários que fez em seu programa dominial. “Nós retratamos a vida do Silvio Santos até meados dos anos 90, não abordamos o momento atual do apresentador no espetáculo. Nós contamos a história incrível de superação de um homem visionário que saiu do zero e construiu um império, revolucionando a TV brasileira e que proporcionou milhões de empregos”, pontuou Velson.
Carreira no exterior não comprometida
A pandemia atrapalhou os planos do ator, mas ele não se arrepende de ter voltado ao Brasil, até porque ele não abandonou sua carreira no exterior e continuou fazendo testes porque o musical ficaria em cartaz somente até junho. “Já tinha um trabalho para julho em Los Angeles, inclusive. A única coisa que mudou é que de agora em diante eu estou aberto para trabalhos no Brasil. Quando me mudei para os Estados Unidos, em 2011, eu tinha fechado as portas para qualquer trabalho aqui para poder me dedicar a um mestrado e construir uma carreira lá”, comentou.
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Classe artística sofre
Sobre as dificuldades da classe artística durante a pandemia, Velson afirma que esta tem sido uma das mais afetadas. “Nós fomos os primeiros a parar e provavelmente seremos os últimos a retornar. É inegável que o nosso país dedica pouca atenção para a cultura. Porém, é comovente como a classe artística tem se movimentado para encontrar alternativas para a atual situação por meio de novas leis e ações beneficentes”, declarou o ator que se considera privilegiado por não estar passando por dificuldades financeiras.
Defendendo que a cultura é um dos pilares da civilização, Velson critica a falta de assistência do governo. Vale ressaltar que só o teatro musical levou 1 milhão de pessoas ao teatro e movimentou 1 bilhão na economia em 2018, uma prova que o segmento também é lucrativo. “Muito se fala em reabrir a economia para que o trabalhador tenha o que colocar na mesa pra sua família, mas e o trabalhador da cultura? Não estou falando somente dos atores. E os camareiros? Os técnicos? As pessoas que trabalham em teatro num geral? É impossível precisar o que vai acontecer pós pandemia, mas a situação me parece bem delicada.”
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Novos projetos no isolamento
Uma forma de ocupar a mente foi produzir a série digital “Home Office”, projeto de Marília Toledo e Emílio Boechat que conta com elenco de “Silvio Santos Vem Aí” e participações especiais de Carlos Lombardi e Marcos Pasquim. “A série é um grande desafio pois dividimos as funções que ao menos umas 10 ou 15 pessoas fariam em apenas quatro. E produzir 30 pessoas sem sair de casa é no mínimo interessante (risos). Criamos um formato do zero, inovador, e fomos os primeiros a fazer isso. Então, nós aprendemos com os erros e criamos um processo e uma maneira de trabalhar a distância, respeitando o isolamento social”, afirmou.
A série está disponível no YouTube e fala do atual momento que o mundo vive, em que boa parte das pessoas passaram a trabalhar em casa.