O mundo esportivo, assim como vários outros segmentos, está tendo que se adaptar a uma realidade bastante difícil no pós-pandemia. O novo coronavírus provocou a interrupção e cancelamentos de competições profissionais e amadoras em todo o mundo, trazendo muitas dificuldades, sobretudo, para os esportes femininos, segundo especialista.
“A curto prazo, a pandemia provocou em todo o mundo esportivo, tanto profissional quanto amador, uma onda súbita de cancelamentos de grandes eventos. Inevitavelmente, isso gera uma reviravolta total no calendário, ritmo e nos modelos esportivos. A longo prazo, vemos uma potencial dificuldade financeira que algumas modalidades ou clubes vão enfrentar devido ao seu modelo econômico. Vamos ter também questionamentos sobre a prática esportiva em si”, afirma afirma Carole Gomez, diretora de pesquisas do Observatório geopolítico do Esporte do IRIS (Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas), baseado em Paris.
Carole dá atenção especial aos esportes femininos, que antes da pandemia já não eram tão divulgados. “Nas diferentes análises que foram feitas, há um verdadeiro sinal de alerta para o esporte feminino e não somente no futebol. Isto porque a divulgação, a popularização e a democratização do esporte feminino estão respaldadas na prática e na midiatização. Como para todo o conjunto da população, seja homens ou mulheres, não havia como praticar esportes e constatamos que houve uma perda dessa prática esportiva. O esporte feminino simplesmente ficou totalmente ausente da mídia”, afirma.
Nos vários debates sobre o futuro do esporte dentro do que se chama de “novo normal”, muito se fala sobre competições e eventos masculinos, mas os femininos estão sendo deixados de lado. “Houve apenas uma pequena, pequena mesmo, reflexão sobre o futuro das competições femininas. Não havia resposta alguma sobre o que iria acontecer. Isso mergulhou as atletas numa tristeza e incerteza assim como os patrocinadores. Vimos assim, muitos atores desse setor recuando de seus compromissos com clubes e ligas. Isso poderá ter graves consequências principalmente a longo prazo”, alerta.