Em meio a acusações de agressão sexual, o diretor franco-polonês Roman Polanski ganhou o Prêmio César – o Óscar francês – de melhor direção pelo filme “O oficial e o espião”. A premiação causou revolta em várias atrizes presentes, que levantaram e saíram da cerimônia em protesto.
A atriz Adele Haenel , que no fim de 2019 disse que havia sido abusada por outro diretor quando era mais nova, foi uma das que se manifestaram contra premiá-lo. Ao “New York Times” ela foi enfática: “Premiar Polanski é cuspir na cara de todas as vítimas. Quer dizer que estuprar mulheres não é um problema”.
And here is Adèle Haenel waking out of the auditorium, waving her arm in disgust. It’s disgusting that the entire auditorium didn’t follow her out. h/t @aoifemrtn #Polanski #JaccusePolanski
— Mona Eltahawy (@monaeltahawy) February 29, 2020
A fúria contra o diretor não se restringiu às atrizes. Em frente ao local onde aconteceria a cerimônia do prêmio César, a polícia francesa entrou em conflito com manifestantes que protestavam contra Polanski.
Um grupo de manifestantes derrubou uma barreira à frente do centro Pleyel, onde acontecia a evento, e a polícia chegou a lançar gases lacrimogêneos, evitando que o protesto chegasse ao tapete vermelho. Duas delas foram detidas enquanto cantavam: “Somos mulheres e orgulhosas”.
Perto dali, mais ativistas se colocavam de modo pacífico, com cartazes que diziam: “Vergonha de uma indústria que protege estupradores”.
Aos 86 anos, Polanski diz que as acusações mais recentes, de agressão sexual, não são verdades. No entanto, na década de 1970, ele fugiu dos Estados Unidos para a França após admitir ter estuprado uma menina de 13 anos. Além disso, não compareceu ao evento por temer um “linchamento público”.
Houve também quem defendesse o diretor, como a estrela Brigitte Bardot: “Deveríamos agradecer por Polanski estar vivo e salvando o cinema francês da mediocridade”.