A Câmara Municipal realizará, na próxima segunda-feira, uma consulta popular sobre o lançamento de maturador e adubo por via aérea na lavoura de cana-de-açúcar na zona rural do município. Como forma de alimentar o debate e promover o esclarecimento da população sobre o tema, o Jornal O Papel ouviu diferentes opiniões de profissionais ligados à área de saúde, meio ambiente e comunicação social. São declarações espontâneas e independentes e que, não obstante a posição de cada um, devem ser respeitadas e consideradas como parte do processo democrático.

Vamos a elas:

 

Robson Moraes – Farmaceutico Bioquimico e Editor do Lagoa da Prata Ponto Com

“Temos que ser muito sensatos nestas horas. Fazer pesquisas sobre o componente principal do maturador, verificar a sua toxicidade para a humanidade e a natureza. Obter informações verdadeiras e não ficar ai falando coisas do tipo “eu acho” ou “eu ouvi dizer”. Avaliar o impacto econômico. Avaliar o impacto na saúde. Avaliar os prejuízos em propriedades rurais próximas a plantações de cana. Verificar se a dose usada realmente é toxica. O folclore e o achismo podem vir a prejudicar muitas pessoas. É muita irresponsabilidade falar de uma coisa que não se sabe. Estão envolvidos mais de 1500 empregos que podem minar terrivelmente a economia da cidade. Usamos no nosso dia a dia muitas coisas talvez muito mais tóxicas que o maturador. E o principal: Não confundir Veneno com Adubo”.

 

Davi Barreto, médico (especializado em medicina do trabalho):

“Na pesquisa do princípio ativo do produto Moddus (Trinexapaque etílico – CAS number: 95266-40-3) no Sistema de informações sobre substâncias perigosas  da Alemanha  “Gestis” não há informações sobre o referido produto. Na base de dados Norte Americana do Niosh – Instituto Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho revela que não há informações sobre toxicidade aguda ou crônica para o ser humano e informações sobre dados ambientais – adverte: “A substância é prejudicial aos organismos aquáticos. Esta substância pode ser perigosa para o meio ambiente; Deve ser dada especial atenção às algas, às plantas aquáticas e aos organismos do solo. Evite liberar o ambiente em circunstâncias diferentes do uso normal”.

Portanto, do ponto de vista científico, não há informações concretas sobre os efeitos adversos à saúde humana em caso de exposição ao produto Moddus. Por outro lado, também não encontrei relatos de efeitos maléficos documentados para seres humanos. Os trabalhos científicos – mesmo internacionais, abordam praticamente o desempenho positivo nutritivo e de maturação da cana, para o que, de fato, o produto faz diferencial.

Se de fato houver entendimento para a pulverização aérea do Moddus, por questões de produtividade e competitividade, devem ser observados:

  1. Levantamento junto aos responsáveis técnicos da empresa 0 mais informações técnico-cientificas sobre os efeitos ambientais a curto e longo prazo;

  2. Observar e cumprir rigorosamente as recomendações de aplicação do produto, com mecanismos de fiscalização;

  3. Elaborar estratégias e ações de vigilância epidemiológica para detectar o aparecimento de agravos à saúde da população exposta a curto e longo prazos, uma vez que não há informações disponíveis sobre a toxicidade do produto à saúde humana;

  4. Elaborar estratégias e ações de monitoramento ambiental sobre a concentração do produto no meio ambiente, principalmente no ambiente aquático e os efeitos sobre a fauna e flora local”.

Helen Rocha – MBA em Ciências Ambientais e Direito Ambiental

“Sou contra tudo que desequilibrar o desenvolvimento sustentável de um povo.

Os maturadores são agrotóxicos, já existe lei municipal proibindo seu lançamento por via aérea nas lavouras de cana, inclusive com sentenças judiciais sobre o mesmo assunto. Existe o risco da deriva, ou seja, o carregamento de micro partículas pelo ar durante a aplicação para outras áreas, com risco de contaminação do solo, cursos d´água, fauna, flora e áreas residenciais. Quanto ao lado social, vejo o problema das máquinas substituindo o emprego de pessoas. A empresa contribui com 1% dos empregos da nossa população e propicia que a monocultura prevaleça na nossa economia. Minha posição, dessa forma, é pela rejeição da emenda”.

Luiz Francisco, repórter da rádio Veredas

“Eu creio que, como a gente tem ouvido de algumas autoridades entendidas no assunto, que é um produto que não vai fazer mal à população de Lagoa da Prata. Como foi dito, aqui também na cidade de Japaraíba, Luz, Moema, as outras cidades também jogam o maturador. Então é uma responsabilidade muito grande também, tanto da empresa Biosev que vai utilizar esse produto por via aérea, da maneira que não irá também prejudicar. Então posso colocar que sou favorável sim, vamos confiar e creio que não vá fazer mal à população”.

    

Saulo de Castro, presidente da AAPA (Associação Ambientalista dos Pescadores Amadores do Alto São Francisco)

“Diante de todos os esclarecimentos que foram prestados pela empresa e técnicos da área, não vejo maiores problemas na aplicação dos maturadores e adubos por via aérea. Até porque, ficou bem claro que todo o processo de manejo até a aplicação será feito seguindo regras bem definidas para esse fim”.

Christiano Maciel – dentista

“Acredito nos órgãos que regulamentam o uso dos produtos. Se o produto é próprio para tal uso… sou a favor da pulverização”.

 

Silvio Elias – comerciante e ambientalista

“É prejudicial à saúde humana. Bioma ciclo dos insetos. Eles não respeitam os horários certos de aplicação e nem os mananciais. Cada hora de vôo tira emprego de 20 tratoristas nos aplicadores (gafanhoto – trator alto), próprio para esse serviço e onde é mais aproveitável”.

 

Também foram convidados a se manifestar sobre o assunto:

Gustavo de Carvalho – diretor da Desinsecta e presidente da Acasf – Associação dos Canavieiros do Alto São Francisco. Está aguardando posicionamento oficial da entidade.

Geraldo de Almeida – Secretário Municipal de Saúde – Pediu prazo para buscar informações pormenorizadas sobre o tema e se manifestará baseado em dados científicos.

Lessandro Gabriel – Secretário Municipal de Meio Ambiente – Não respondeu.

Rádio Tropical promoverá debate

O Jornal Integração da Rádio Tropical será especial neste sábado 16/12 – meio dia – com o objetivo de informar e esclarecer a população sobre a pulverização de adubos e reguladores de crescimento que a Biosev pretende fazer com avião em seus canaviais.

Participações confirmadas:

Dr. Robson Moraes – Farmacêutico, Bioquímico e diretor do Lagoa da Prata ponto com;

Frederico Muchon – Mestre em Ciências Ambientais;

Saulo de Castro – Professor, Ambientalista Presidente da AAPA Associação Ambientalista dos Pescadores Amadores de LP;

Artur Teixeira – Engenheiro Agrônomo da Biosev.

Dúvidas e perguntas podem ser enviadas pela nossa página, pelo 37 3261-4500 e por e-mail thiago@tropical790.com

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