O universo dos influenciadores digitais está cada vez mais expandido e difundido na sociedade. O sucesso é tão grande que algumas das personalidades da internet brasileira até entraram no Big Brother Brasil 2020. Mas não é só entre jovens modelos ou aspirantes a artista que esse negócio dá lucro.
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Os influencers mirins , crianças que fazem sucesso no Instagram, têm conquistado seu espaço cada vez mais. Além dos perfis de filhos de famosos, a rede social também abriga o @influencerskidssp, uma organização de mães que se reuniram para divulgar o trabalho de modelagem dos filhos.
Esse grupo é fechado e junta diversos perfis de mães e filhos influenciadores. “Trabalhamos com permuta e remuneração (de acordo com as condições oferecidas pelo parceiro). Somos um grupo que atende a atual exigência do mercado, sendo assim bem diversificado em termos e etnias”, explica Aline Mendonça Kubota, administradora do Influencers Kids SP .
Entre as mães do grupo está Maria Aparecida de Almeida, mãe de Heloísa, a @doceheloisa que tem mais de 38 mil seguidores no Instagram. A pequena de 3 anos faz sucesso nas redes por ser “ruiva natural” e modelar desde os três meses.
A ideia de montar um perfil para a filha veio da necessidade de divulgar seus trabalhos. O feed é cuidadosamente organizado pela mãe, que também grava vídeos dos “recebidos” e da rotina de Heloísa na função stories . “Ela recebe roupas, sapatos e presentes como bonecas”, explica Maria ao Delas .
O sucesso da mini-modelo foi tão grande que a dupla acabou sendo convidada para fazer parte do grupo Influencers Kids SP. “Gostei da ideia porque tentei fazer parceria sozinha, mas não deu certo. E em grupo é mais fácil para as marcas aceitarem os trabalhos. Todo mundo tem o mesmo objetivo”, explica Maria.
Uma das fundadoras do grupo é Bruna, mãe da pequena Maria Alice de 2 anos e 5 meses e que também faz parte do cast. “Nós mamães já nos conhecíamos, umas de agência e outras de eventos, assim criamos o Influencers Kids SP”,conta.
O perfil de Maria Alice (@m_alicegabriel) tem 6 mil seguidores e trabalha apenas com permutas. “A Alice ainda é baby, fala poucas palavras, por isso sempre posto nos stories quando saímos para parques ou trabalhos, alguma coisa engraçada e brincadeiras”, diz a mãe.
Quem não foca em permuta recebe pelos trabalhos, como é o caso de Heloísa. A mãe não cita valores, mas garante que tudo que é recebido de cachê é colocado numa poupança que só poderá ser utilizada pela filha após ela completar 18 anos.
Por que gostamos tanto de perfis de crianças nas redes sociais?
O grande número de seguidores nos perfis de bebês tem uma explicação social e fisiológica, de acordo com o analista comportamental Osmar Bria.
“O dia a dia é cheio de emoções negativas e quase o tempo todo estamos envoltos de ansiedade, que é gerada pela produção de adrenalina e cortisol, hormônios que causam o nervoso e estresse. Então quando vemos alguma coisa que muda nosso comportamento, uma pequena dose de endorfina cai no sangue e causa satisfação. As crianças conseguem gerar isso com conteúdo muito leve”, explica.
O especialista ressalta que é quase o mesmo sentimento que temos com a notificação de uma nova mensagem no WhatsApp – ou com gifs de gatinho.
Porém, é importante pontuar que a exposição na infância precisa ser feita com cuidado. “Eles estão numa fase de desenvolvimento, precisam ser crianças. Podem criar expectativas e exigências que não dão conta pela maturidade”, comenta Deborah Moss, neuropsicóloga e mestre em psicologia do desenvolvimento pela USP.
Ter um perfil do seu filho(a) na internet não é errado, mas como tudo na vida é necessário ter um equilíbrio. A recomendação dos especialistas é que essa não seja uma atividade por obrigação.
“Quando você coloca as crianças em muita exposição você desvia elas de uma tendência natural da idade, que é brincar. As crianças viram o foco de atenção, então isso pode moldar o perfil comportamental para o de uma pessoa que gosta de aparecer sempre e que tenha o ego inflado. Não posso afirmar que vai fazer mal, mas irá mudar o perfil natural”, completa Osmar.
As mamães das influencers mirins afirmam manter esse cuidado diariamente. “Só aceito trabalhos que vejo que não vão cansa-la. Respeito o tempo dela, presto muita atenção também no tipo de roupa que ela vai usar para não adultiza-la. Concilio sempre os trabalhos/editorial com os horários da escola. No final ela sempre se diverte com os amiguinhos do grupo”, explica Bruna, mãe de Maria Alice.
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“Eu separo a rede social da educação dela. Não deixo ela fica com o celular na mão. Sempre estimulo a brincar fora rede social, dormir bem e e etc. Faço de tudo para a rede social não atrapalhar o desenvolvimento da Heloísa”, conta Maria.