Nos últimos anos, pessoas que menstruam estão cada vez mais engajadas em buscar alternativas para substituir o absorvente descartável. Para isso, a calcinha absorvente tem sido muito buscada. Os motivos variam entre diminuir o impacto ambiental produzindo menos lixo, gastar menos dinheiro ou tornar o momento da menstruação mais confortável.
Eu me considero uma dessas pessoas, principalmente porque os dias de menstruação para mim são marcados por muito desconforto. Conversei com muitas amigas que aderiram e fiz muitas pesquisas para saber se valia a pena investir.
O que me fez buscar por uma calcinha absorvente
Meu ciclo sempre foi uma bagunça e meu fluxo tende a ser intenso. Vou abrir o jogo: isso me fez ter “trauma de menstruar”, porque todo mês tenho medo de o absorvente não aguentar e eu acabar sujando tudo.
Quando eu era mais nova e a menstruação ainda não tinha se estabilizado, passei por momentos em que a blusa amarrada na cintura era minha melhor amiga e nem mesmo três absorventes noturnos davam conta do recado (acredite, eu sei do que estou falando). Os vazamentos eram frequentes. Na escola, eu sempre era a garota da sala de aula que saía por último para que o estrago fosse um segredo entre as faxineiras e eu.
Esse trauma até que se aquietou e hoje encaro a situação com um pouco mais de leveza. Mesmo assim, penso que o melhor para mim é viver os dias de menstruação da maneira mais confortável e acolhedora possível. É aí que entra o meu desejo de experimentar outros tipos de absorventes, como a calcinha absorvente.
Pensando que outras pessoas podem ter perguntas e anseios similares aos meus, decidi compartilhar minha experiência. Para isso, usei como base minhas três primeiras menstruações depois que ela chegou oficialmente na minha vida.
Primeiro mês usando a calcinha absorvente
Comprei a minha calcinha absorvente pelo site da marca Pantys. O modelo escolhido foi uma hot pant de fluxo intenso, que custa R$ 99 sem o frete. O preço pode parecer salgado, mas parei para fazer as contas e fiquei chocada ao descobrir que, por ano, gasto uma média de R$ 590 com absorventes descartáveis.
A calcinha chegou em uma embalagem cheirosíssima, confesso que fiquei até com um pouco de dó de usar. O modelo é lindo e ficou bem adaptado no meu corpo. Percebi que fiquei esperando ansiosamente pela minha menstruação, pois estava doida para testar.
Mas quando a menstruação finalmente veio fiquei receosa. “E se eu usar e vazar tudo?”. “E se eu não lavar direito?”. Decidi que seria melhor testar a calcinha pela primeira vez nos dias em que meu fluxo não estivesse tão intenso. Lá pelo terceiro dia, combinei a calcinha com um absorvente interno . Não rolou muita absorção, justamente porque o interno deu conta do recado.
Lavei na hora do banho em água corrente com sabonete líquido. Esfreguei devagar e fui apertando até a água parar de sair avermelhada. Pensei que ficaria com odor devido ao sangue, mas isso não acontece. Fica bem limpinha mesmo.
Percebendo que a menstruação já estava em fluxo menos intenso, criei coragem para usar somente a calcinha para dormir. O máximo que poderia acontecer era manchar minha calça do pijama e um pouco do lençol, pensei. Mas não foi o que aconteceu. Acordei com a calcinha pouco pesada, o que significava que não estava cheia, mas que conseguiu comportar o sangue na madrugada.
Segundo mês usando a calcinha absorvente
Comecei o segundo mês mais confiante. Usei a calcinha absorvente na primeira noite em que menstruei, quando meu fluxo tende a ficar mais intenso. Quando acordei no dia seguinte, me senti colocando a mão em cima da calcinha e alisando toda a minha calça para saber se estava úmida ou se meus dedos saíam manchados de vermelho. Tudo estava bem sequinho.
Consegui ainda passar mais uma hora depois de acordar com a calcinha, o que faria com que ela completasse 12 horas no meu corpo. Esse é o período máximo, se não vaza. E foi o que aconteceu.
Fui para o banho, lavei e aproveitei o dia de sol para secar rápido e usar de novo no dia seguinte. O uso durante o dia também foi tranquilo. Pensei que, por me movimentar mais, o sangue teria mais brecha para vazar. Não rolou nada disso. Achei incrível ver que a pele fica bem sequinha e nada pegajosa, como sinto acontecer comigo durante o uso dos absorventes descartáveis.
Fiquei tão empolgada que acabei usando a calcinha em praticamente todo período menstrual . Precisei intercalar com os absorventes normais porque só tenho uma calcinha. Era o tempo de lavar, secar e reutilizar.
Terceiro mês usando a calcinha absorvente
O terceiro mês me castigou com fluxo mais intenso nos dois primeiros dias de menstruação. A calcinha me salvou muito nesses momentos, já que comecei a sentir que estava segura e protegida e não precisei me preocupar com nada além da minha cólica terrível e das dores de cabeça. Notei que minha frequência de idas ao banheiro ou de toques na região para ver se estava tudo bem diminuíram, o que me deixou bem feliz.
Demorou um pouco, mas foi quando consegui estabelecer uma relação de confiança com a calcinha e sabia que poderia contar com ela para me livrar de qualquer imprevisto.
Afinal, a calcinha absorvente vale a pena?
A calcinha absorvente superou minhas expectativas: diminuiu minhas idas à farmácia, me fez poupar dinheiro e me fez dar mais um passo em direção à uma rotina sustentável e com menos resíduos. Também recomendo muito para quem já passou por perrengues envolvendo vazamentos e horas esfregando as manchas das roupas. Agora, minha meta é ter uma coleção de calcinhas absorventes para chamar de minha e diminuir cada vez mais o uso os absorventes descartáveis.