Há quem confunda e muito a psicanálise com a especialidade médica, a psiquiatria. Mas o que uma tem a ver com a outra ou mesmo o que há diferente entre uma psicoterapia e outra? E o que é uma psicoterapia, afinal?
É bem comum eu receber ligações de diversos lugares, pedindo atendimento com um psiquiatra. O que as pessoas não sabem, ao ligar, é que estão falando com um psicanalista, não com um médico psiquiatra. É bem comum também que, na sua maioria, as ligações tratem da busca por um medicamento específico que possa tratar de um mal estar psíquico.
Temas bem curiosos, não? A diferença entre psicanálise e psiquiatria; o que é uma clínica, uma psicoterapia e qual a mais indicada forma de tratamento para um determinado problema psicológico?
Bom; hoje eu pretendo esclarecer essas dúvidas e apontar a eficácia do tratamento psicanalítico no tratamento de transtornos como a depressão, o estresse, a ansiedade, problemas relacionados as compulsões como o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), entre inúmeros casos que podem ser avaliados antes de serem diagnosticados de maneira precipitada, sem que antes ocorra o seu devido tratamento.
Falar de clínica, psicoterapia ou mesmo da psicanálise, ainda é um tabu na sociedade. Trata-se de um conceito creditado popularmente de maneira tal, que impede o sujeito ou paciente de receber devidos cuidados e atendimento para um tratamento eficaz e um retorno feliz que lhe possibilite a ter uma vida normal.
Há quem diga que fazer psicanálise é para poucos, para quem tem melhor poder aquisitivo ou mesmo para quem é louco. Nada a haver! A psicanálise é um método de avaliação do inconsciente, muito eficaz para a promoção da saúde da alma e do corpo de um determinado indivíduo. É considerada um método de psicoterapia muito eficaz para o autoconhecimento, o autodesenvolvimento e para a redução de quadros clínicos de ansiedade e depressão, por exemplo. Como podemos perceber aqui e agora, a psicanálise é um meio de tratamento para pessoas consideravelmente normais.
Assim como o nosso corpo, a nossa mente adoece, passa por transformações e desenvolve sintomas que podem ser desde uma simples noite de sono perdida à falta de ar, comportamentos obsessivos e rituais de limpeza. A nossa alma adoece, sim, ela pode sofrer com o forte impacto de uma rotina maçante de trabalho até traumas causados circunstancialmente por uma experiência dolorosa e mesmo por conflitos internos, relacionados ao nosso estado inconsciente, ou seja, fora da consciência.
A psicanalise é uma terapia aplicada há pouco mais de um século. Foi desenvolvida e estudada pelo médico neurologista austríaco, nascido em Viena, chamado, Sigmund Freud. Freud passa a estudar um fenômeno psíquico que levava as mulheres à loucura, cegueira ou paralisia no corpo, sem motivos ou causas aparentemente clínicas, médicas.
Através da psicanálise é possível detectar, por exemplo, porque nós nos comportamos de determinado modo que nos causa tanto sofrimento.
Em meu consultório, eu já perdi a conta do número de pessoas mais jovens que se cortam com giletes ou bisturis. Causam ferimentos superficiais, colocando em risco sua saúde orgânica, podendo se contaminar com tais objetos.
Muitas delas, jovens e adolescentes entre 14, 15 até 18 anos de idade. O problema não para por aí, há quem tenha o comportamento a-convencional de arrancar os próprios pelos do corpo e até mesmo começar a comê-los, ao que damos o nome de tricotilomania.
São comportamentos obsessivos que causam dor, vergonha e sofrimento. Tão grave quanto o comportamento dessas pessoas, são os motivos inconscientes que as estimulam a tal tipo de agressão.
Outros casos relacionados às neuroses obsessivas e estudados pela psicanálise são as repetições, o famoso “dedo podre” que se costuma dizer por aí, ou seja, um comportamento que insiste em se repetir ao longo dos anos. De uma escolha do parceiro como amigo(a), namorado(a), um vínculo social e até mesmo um casamento e a repetição de comportamentos como, por exemplo, se separar inúmeras vezes, estar sempre dependente dos pais ou de uma outra pessoa, estar emocionalmente fixado aos afetos de um ex-namorado, de uma ex-namorada e por aí vai.
A psicanálise estuda, como podemos ver, o que há por trás dos comportamentos e sintomas. Já a medicina psiquiátrica vai estudar a fisiologia por detrás desses mesmos comportamentos e sintomas, procurando a medicação adequada para tratar fisiologicamente e organicamente do bem estar de determinada pessoa. A psiquiatria é uma especialidade médica como podemos observar aqui e se inclui também entre os vários meios de psicoterapias, só que neste caso, com uma consulta bem mais objetiva, ao contrário da psicanálise que depende de determinado número de sessões para tratar os problemas apontados pelo paciente, atenuando-os ou mesmo erradicando-os e tratando-os pelas suas raízes.
Fazer psicanálise é cuidar de si mesmo, é dar valor ao que é seu. Dar importância à singularidade, à individualidade e tratar dos efeitos e dos impactos sociais causados pelas opiniões que os outros tem a nosso respeito. Fazer psicanálise é ser um pouco mais dono de si e de suas responsabilidades, é começar a ser tão independente quanto ter a sua própria casa, o seu próprio carro e suas próprias coisas. É se tornar mais dono de si numa relação saudável entre você e os outros.
José Andrade Nogueira | Psicanalista
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