Casado com a atriz Ohana Homem e pai da fofa Ellora, de apenas dois anos, Thiago Amaral vive um momento ímpar na carreira. Um dos motivos? O fato de estar no ar em duas novelas, de diferentes emissoras: “Amor Sem Igual”, da RecordTV, na qual interpreta Wesley, e na reprise de “Cúmplices de Um Resgate”, do SBT, na pele de Frederico Pereira. Fora isso, está prestes a participar de um novo projeto no vídeo, “Gênesis”. Sobre ele, não nos adiantou muitas informações. “Farei a primeira fase do personagem chamado Jasper. Por enquanto, é só o que posso contar”, despistou o artista, aos risos.
Com uma vida agitada, o gaúcho, que mora em São Paulo e grava no Rio de Janeiro, também falou como está lidando com a rotina atípica por conta da quarentena, o futuro da arte, a emoção de voltar ao set para rodar as cenas finais do folhetim e, principalmente, como é ser pai de menina num mundo como o de hoje, entre outras curiosidades. “Nós, homens, somos responsáveis por essa sociedade misógina, e é nosso dever acabar com a herança do patriarcado. Não há mais cabimento para tolerar esse comportamento”, destacou durante bate-papo exclusivo com a Coluna Marcelo Bandeira, hospedada no iG Gente. Espia, só!
1. Como passou esses meses em quarentena e o que pôde fazer quando, antes, não tinha tempo?
Passar pela quarentena tem sido uma prova de coragem e resiliência. Mesmo após o término das gravações de “Amor Sem Igual”, voltei ao isolamento com minha família. É uma fase importante de reflexão sobre o que realmente importa no nosso cotidiano. Nós três estamos muito mais unidos. Encontramos nossa fortaleza um no outro. Descobri quanto nossa capacidade nata de adaptação é mais potente, vibrante e criativa juntos. Além disso, passei meu aniversário quarentenado. Como não pude receber convidados, criei uma forma diferente de comemorar. Deixei uma videoconferência aberta na televisão da minha sala de estar o dia inteiro. Colei o link e a senha em todos os meus grupos de WhatsApp. Não fiz convites individuais. A ideia era deixar a “porta aberta” para quem quisesse entrar de surpresa. O resultado foi incrível! Revi amigos de infância, colegas de pré-escola de quem não tinha notícias há muito tempo, outros que estão morando fora do Brasil, além dos mais próximos e da família. Foi um dia cheio de encontros e boas memórias.
2. Como foi voltar ao set e retomar as gravações do folhetim da Record TV?
Foi emocionante. Minha vontade de voltar a trabalhar contrastava com o medo de colocar meus colegas de núcleo, quase todos em grupo de risco, em perigo. Após cinco meses de isolamento, nós estávamos vivendo em outro “mundo”. No set de gravação, não foi diferente. Retomamos em segurança, amparados pela execução dos protocolos e, dessa tranquilidade, voltamos mais fortes, criativos e unidos. Tudo estava mais à flor da pele. A pandemia como provocação artística nos revelou novos caminhos. Voltar a gravar foi uma celebração à vida. Foi muito especial!
3. Como foi o processo para voltar a encarnar um personagem após ficar alguns meses sem dar vida a ele?
Voltar a interpretar o Wesley foi supertranquilo. Faltavam cerca de trinta capítulos a serem gravados. A alegria e a excitação me fizeram sentir que estava começando um trabalho novo. Executar os protocolos de segurança me trouxe um estado de alerta diferente. Foi um ingrediente a mais.
4. Nessa reta final da novela, o que podemos esperar de Wesley?
Boas surpresas. Ele estará envolvido em um tema que se tornou pauta importante na pandemia. Vamos ter que assistir até o fim para descobrir (risos).
5. Wesley é professor de dança para pessoas da terceira idade. Como foi trabalhar com veteranos e o que aprendeu com eles?
Meus colegas são atores muito generosos. Trabalhar com esse núcleo era a certeza de que teria um dia leve e divertido. Fiquei muito feliz em vê-los saudáveis e cheios de energia no nosso reencontro. Tenho muito carinho por eles. Wesley é uma homenagem ao meu avô materno, Vítor Pereira Aires. Esse trabalho foi inspirado na disposição e vontade de viver dele, que teve a vida dedicada ao ciclismo. Tenho memórias vivas de nossas pedaladas na estrada e dele sempre me encorajando a superar meus limites.
6. “Amor Sem Igual”, inclusive, é a única novela inédita no ar atualmente e tem tido ótima audiência. Mas você também pode ser visto na reprise de “Cúmplices de Um Resgate”. Você se assiste? É crítico? Como é ver um projeto sem poder fazer mais nada para ajustar o que não gosta?
O ótimo desempenho na audiência atualmente tem muito mérito da equipe de “Amor Sem Igual”. Foram esses profissionais que encontraram soluções rápidas e seguras para que o elenco pudesse voltar a gravar. Foi um belíssimo trabalho que está sendo revertido na audiência da novela. Eu me considero autocrítico, sim. Enquanto estou gravando, procuro assistir a tudo para ir afinando o personagem. Agora, só depois de finalizadas e passado algum tempo, consigo apreciá-las como espectador. Vejo muitos detalhes que não via antes. Me divirto!
7. Mal acabou de gravar e já está escalado para “Gênesis”. O que pode adiantar?
Estou muito feliz em emendar dois trabalhos nessa volta à RecordTV. Esse convite é um sinal de que a emissora confia no meu trabalho. Em “Gênesis”, farei a primeira fase do Jasper. Por enquanto, é só o que posso contar. Ainda não tenho informações sobre a preparação. Essa é uma das minhas partes favoritas de todo o processo de fazer novela. É onde conheço e me aproprio do personagem. Estou louco para começar!
8. Como é ser pai de menina num mundo como o de hoje, onde ainda vemos diariamente situações machistas e misóginas e violência contra a mulher?
Normatizar o machismo é um absurdo. Nós, homens, somos responsáveis por essa sociedade misógina, e é nosso dever acabar com a herança do patriarcado. Não há mais cabimento para tolerar esse comportamento. Nós temos que aprender a ouvir as mulheres. Temos que aprender a falar das nossas emoções e refletir sobre a representação de masculinidade sempre ligada à violência e à dominação. Como pai, eu me mantenho alerta para não reproduzir padrões machistas na educação da minha filha. Educar uma menina hoje em dia é a oportunidade de iniciar essa transformação!
9. A arte tem sido fundamental durante este período difícil pelo qual estamos passando. Como vê o futuro dela no país? E como vai reagir caso sua filha queira seguir seus passos e os de sua esposa nos palcos?
A pandemia escancarou a importância da arte no nosso cotidiano. Não há como negar a importância dos bons produtos de audiovisual, principalmente, durante o confinamento. O mundo hoje é audiovisual. A audiência das emissoras aumentou, o público quer material inédito, o serviço de streaming precisa de conteúdo. Acho que, apesar de o setor passar por muitas dificuldades, acredito que os debates relevantes vão revelar novos caminhos. A arte tem poder e vai se reinventar. Minha filha terá meu suporte para que realize o sonho de ser o que ela quiser. Recebi esse apoio dos meus pais e sei como é importante, principalmente, numa carreira instável como a nossa.
10. Um gaúcho que mora em São Paulo e grava no Rio de Janeiro. Como é viver nessa ponte aérea?
Foram cinco anos praticamente ficando só em São Paulo. Mas, por conta das gravações de “Amor Sem Igual”, tive que ir para o Rio e fiz a maioria das viagens de carro. Tudo isso requer muita organização, mas tem dado certo.