Não dá para negar: o carnaval é a festa mais animada do ano. Porém, apesar de todo o brilho e diversão, as mulheres sabem bem que encarar os bloquinhos de rua e outros eventos carnavalescos significa estar ainda mais vulnerável ao assédio sexual.
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Dados do Disque 100 (Disque Direitos Humanos) e do Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher) divulgados em 2019 apontam que nos meses de carnaval os casos de violência sexual aumentam até 20%.
Não é difícil ver os números de assédio sexual na prática. Se você pensar sobre o último carnaval, provavelmente vai se lembrar de mulher fugindo de beijo forçado, de mão boba e até puxão de cabelo, além da insistência após o “não”.
Em entrevista ao Delas , as advogadas Monize Crepaldi e Nélida Moreno, do escritório Moreno & Crepaldi, orientam sobre o que fazer diante de casos de assédio no carnaval e lembram: a culpa nunca é da vítima. Não importa a roupa, o álcool ou a música, nada disso é justificativa para o assédio.
Vi um caso de assédio sexual, o que fazer?
Antes de agir diante de um caso de assédio sexual, você deve analisar se há a possibilidade de intervir. É fundamental ter cuidado para você não se colocar em risco e até piorar a situação.
O primeiro passo é falar com a vítima e perguntar quais são suas necessidades imediatas. “Pergunte se precisa de ajuda, se apresente, veja se está acompanhada do grupo de pessoas da confiança”, sugerem.
Lembre-se que cada um tem seu tempo de recuperação. “Respeite e busque ajudar a acalmá-la”, falam. Leve essa mulher para um ambiente mais calmo para que ela possa se distanciar da situação e se acalmar.
Depois, procure as autoridades competentes, como a polícia civil ou comunitária, que geralmente acompanha o andamento dos blocos de rua. Também é comum que festas de rua tenham pontos de apoio, seja médico ou policial.
“Os bombeiros também podem ajudar na falta da guarda”, dizem. Há ainda cidades com estrutura para vítimas de assédio sexual. Vale ficar de olho assim que chegar ao bloco ou festa para saber onde recorrer caso precise ajudar uma vítima.
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É importante que você ajude a vítima a memorizar tudo o que aconteceu naquele momento. “Procure descrever o local e o agressor com a maior riqueza de detalhes possível para viabilizar a tomada de providências junto às autoridades policiais”, recomendam.
Casos de assédio sexual também podem ser levados a uma delegacia. Se a vítima se sentir confortável, você pode acompanhá-la até a unidade mais próxima. Se possível, que seja uma Delegacia da Mulher. Em São Paulo, capital, existem sete unidades que funcionam 24h.
Se você presenciar uma mulher embriagada sendo assediada, o procedimento é o mesmo, mas o cuidado redobrado. As advogadas recomendam acalmá-la e ajudá-la a recuperar os sentidos. “Não a deixe sozinha, veja se ela consegue relatar o que houve e se reconhece o agressor. Dê o tempo necessário para a vítima se sentir segura para buscar as autoridades”, orientam.
Quando a vítima é você
Monize e Nélida também orientam sobre o que fazer se você for assediada. “Primeiro, se acalme e se esforce para encontrar os seus amigos e amigas”. Para facilitar, é interessante que vocês tenham combinado um ponto de encontro.
“Peça para alguém de sua confiança te acompanhar junto às autoridades competentes. Diga com alto grau de detalhamento o que aconteceu, local e a descrição do agressor”.
Além de buscar as autoridades presentes no local ou ir à delegacia, você também pode ligar para a Central de Atendimento à Mulher (180), o canal é preparado para orientar vítimas de violência.
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É possível evitar casos de assédio sexual?
A responsabilidade sobre o assédio não é sua, afinal, quem cometeu a violência foi um homem. No entanto, é possível adotar algumas práticas para se “blindar” de atitudes como essa e garantir que você e suas amigas saibam agir diante de uma situação violenta.
As advogadas orientam sempre combinar pontos de encontro e evitar deixar as amigas desacompanhadas. Use a tecnologia ao seu favor e sempre que possível compartilhe a sua localização.
“Se estiver em uma situação desconfortável, procure ajuda e diga o que está acontecendo. Ajude outras mulheres a saírem dessa situação. A sororidade é o mais importante para nos ajudarmos em situações de risco”, finalizam.