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Em festas universitárias e baladas, muitos pensam em um lugar para sentar, se vai chover ou se vai ter uma boa seleção de atrações. Para a estudante de jornalismo Ana Clara Moniz, a realidade é outra: ela tem que se preocupar com a altura dos bares, rampas e acessos fáceis.

Com quase 24 mil seguidores no Instagram, Ana Clara, ativista pela acessibilidade, conta em entrevista ao Delas um pouco da realidade de quem é PCD e fala sobre representatividade e o preconceito com deficientes – físicos ou não.

Ana Clara Moniz
Instagram/_anaclarabm

Ana Clara é estudante de jornalismo e adora um bom rolê

Nascida com atrofia muscular espinhal, Ana Clara sempre se entendeu com deficiência e aprendeu a lidar com isso, mas sem conhecer alguém na mesma condição.

“Não tive contato com outras pessoas com deficiência. Quando abri meu Instagram na adolescência, conheci outras pessoas que também tinham deficiência e pude trocar experiências e conhecer realidades próximas às minhas”, conta.

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Ana Clara diz que quando começou a postar mais voltada ao ativismo percebeu que as pessoas com deficiência precisam se sentir representadas. “Queria representar pessoas, pois eu não era na adolescência”, diz.


Como muitos jovens universitários, Ana Clara adora um rolê e uma festa. Porém, ela as pessoas que organização festas e eventos nem sempre pensam nos deficientes.

“Acho que é muito difícil pensarem que deficientes podem estar em qualquer rolê. Quando falamos de diversidade, temos que pensar em todos. Sinto que a maioria das festas universitárias pecam nisso, sem analisar se é realmente acessível para PCDs. São detalhes que não pensamos, mas tem que entender que pessoas com deficiência vão estar nesses lugares”, aponta.

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Uma publicação compartilhada por Ana Clara Moniz (@_anaclarabm) em 18 de Set, 2020 às 4:30 PDT

Ana Clara é bem ativa na atlética da universidade, a Morsa PUCCAMP. “Falava que nunca iria entrar, mas entrei e foi muito receptivo. Pessoas incríveis toparam me ouvir e entender como fazer uma festa acessível para mim e para os convidados. Trouxe essa pauta e toda festa a atlética pensa no lugar, se é adaptável ou não”.

Ela frisa que acessibilidade não é um favor, é um direito e que é necessário pensar nessas questões.” Foi muito bom estar na atlética para entender melhor sobre organização de festas e também melhorar o ambiente para todos, deficientes ou não”, afirma.

Como os rolês e festas ainda não voltaram, Ana também sente saudades. “A minha maior saudade de ir em rolês é de estar com meus amigos, de curtir as festas e nos universitários. Eu sinto saudades do acolhimento, de estar com pessoas que eu gosto e que entendem minha realidade e de poder curtir de verdade o rolê”, conta.


Na hora do flerte, Ana diz que quando se tem deficiência, o normal é pensar que as pessoas não olham para elas. “A sociedade apaga isso, devemos mudar a nossa mentalidade. Se você tem deficiência, as pessoas vão olhar para você como qualquer outra pessoa. E se você não tem, pessoas deficientes podem olhar para você e flertar com você sim”, diz.

Ela alerta que ficar parabenizando por estar no rolê não é legal. “Eu estou lá para curtir, às vezes me dão parabéns por estar na festa. Cara, tem vezes que eu só quero curtir e beijar na boca sabe?”, diz.

Ela inclusive dá uma dica sobre o assunto. “Todo mundo está no rolê para curtir. Então não exclua a possibilidade de beijar, ficar com alguém pela pessoa ser deficiente. E não zombe do amiguinho que se relaciona com um deficiente, pois isso ocorre e é 100% normal”, diz.

Ah, não seja capacitista no rolê! Ana diz que você deve entender as questões de cada um. “Entenda: ir em uma festa não é nada demais. Podemos estar ali, devemos estar ali. Pode ter um momento que eu precise de ajuda e tá tudo bem, todo mundo precisa de ajuda e precisamos entender isso, não podemos encarar como um problema. Se você vê primeiro a deficiência e depois a pessoa, isso já é capacitista. Só curta o rolê e entenda a pessoa que está ali”, aconselha.

Fonte: IG Mulher

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