Francisco Antônio de Alencar, prisioneiro da Penitenciária José Maria Alckmin em Ribeirão das Neves, foi destaque nos jornais aos 29 anos, enquanto cumpria uma pena de 24 anos por ter planejado o primeiro assalto à mão armada do país em Lagoa da Prata. Ele surpreendeu ao ganhar o primeiro prêmio do Concurso de Contos da Prefeitura de Belo Horizonte com sua história “O regresso”, sobre um detento que retorna para casa sem saber quem é.
Do crime à literatura
Nos anos seguintes, Francisco tornou-se uma sensação da literatura mineira. Enquanto ainda preso, ele se casou e publicou um livro. Após uma fuga temporária, ele foi libertado permanentemente por um indulto concedido por Tancredo Neves, então ministro da Justiça.
Assalto em Lagoa da Prata
Aos 25 anos, em 6 de abril de 1948, Francisco planejou um assalto a uma agência bancária. Armados com revólveres, dinamites e uma metralhadora, ele e sua gangue renderam os funcionários e esvaziaram o cofre. A tentativa de fuga foi frustrada por uma testemunha que alertou o prefeito, resultando em um tiroteio que feriu o prefeito e dois comerciantes. Após 11 dias de perseguição pela polícia, a gangue foi presa e o dinheiro roubado recuperado.
Fuga e indulto
Em 1953, Francisco fugiu do presídio devido à segurança afrouxada. A fuga durou um mês e visava pressionar as autoridades para reduzir sua pena. Em 2 de fevereiro de 1954, ele recebeu um indulto que reduziu sua pena para oito anos, concedido por Tancredo Neves.
Vida em liberdade
Segundo o jornal Estado de Minas, após sair da cadeia, Francisco completou o ensino médio e formou-se em Pedagogia e Filosofia, lecionando na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar) em Barbacena. Apesar de suas conquistas, a reportagem conta que ele continuou a enfrentar o desafio de seu passado, equilibrando seu trabalho e o cuidado com seus filhos. Ele era visto como um estranho no ambiente onde lecionava e um anônimo no bairro onde residia. Seu sonho era tornar-se um pedagogo para ajudar crianças desamparadas com afeto e educação, algo que ele não teve na infância.
Curiosidade
Há outro indivíduo chamado Francisco Antônio Vieira de Alencar, que foi condenado a 22 anos de prisão pela morte de sua ex-companheira, Ironi Silva de Quadros. É importante não confundir os dois homônimos.
Fonte: EM
