Ator inicia curso de atuação em Lagoa da Prata

Schumacher nasceu em Belo Horizonte, iniciou sua carreira no teatro dirigindo e atuando em 1977.

Desde então participou (dirigindo, produzindo, atuando, assinando textos, cenários, figurinos ou luz) de mais de 90 espetáculos. Com 89 peças teatrais escritas, das quais 44 já encenadas, tendo participado de várias telenovelas e produções cinematográficas, podemos dizer que o mineiro é um artista com um currículo extenso e invejável.

Pensando em lecionar um curso de teatro aqui em nossa cidade, Carl responde a algumas perguntas para o Jornal O Papel.

O OPAPEL: Qual foi seu primeiro texto?

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Carl: Meu primeiro texto chamava-se “Será Sempre Primavera”. Escrevi em 1978, com 15 anos. Depois foi reescrita e encenada em 1983, com o novo título de “João & Maria ad Infinitum”. Com essa peça ganhei o Prêmio de Autor Revelação de Minas Gerais. No ano anterior (1982) eu já tinha estreado outro texto meu com grande sucesso, “Uma Flor Numa Estrela” – uma adaptação musical de “O Pequeno Príncipe”.

O OPAPEL: Com qual idade percebeu o interesse por atuar e escrever?

Carl: Ali pelos 13 anos. Eu fazia teatro amador no Colégio Santo Agostinho. Em 1977 (eu tinha 14, sou de 25/12/62) montamos “Maria Minhoca”, de Maria Clara Machado. Eu assinei direção, cenário, figurinos e ainda interpretei o Mister Buldogue, pai da Minhoca. Ganhamos Menção Honrosa no 1º Festival de Teatro Amador da Aliança Francesa de BH.

O OPAPEL: O que ou quem o influenciou a entrar no mundo do teatro e televisão?

Carl: Eu tinha um tio (irmão de minha mãe) que trabalhava no ramo, o Carlos Kroeber. Ele fazia teatro, cinema e TV e eu me encantei desde criança por aquele universo.

O OPAPEL: Quais são suas influencias na literatura para a produção de seus textos?

Carl: Sou muito fã de Shakespeare, estou sempre relendo. Mas adoro Arthur Miller, Bertolt Brecht, Samuel Becket, Tenesse Williams… Isso na dramaturgia, claro. Além de dramaturgo e roteirista, também sou romancista e aí as influências são outras.

O OPAPEL: Qual a sua opinião sobre a situação atual do teatro e da televisão aberta hoje em dia no Brasil?

Carl: Tem coisas ótimas (gosto bastante de “Liberdade, Liberdade”, por exemplo, embora eu tenha algumas restrições aqui e ali), e coisas péssimas, que nem deviam ser veiculadas. Como em tudo na vida, há produtos de nota zero a nota 10, e grandes talentos atuando na área. Como existem, também, os engodos, pessoas fabricadas pela mídia e que não tem estofo nem capacidade para caminhar sozinhas, mas são amparadas (e impulsionadas) por toda uma gama de vampiros / produtores. Todavia, são exceções, e, no geral, minha avaliação é bastante positiva, acho a televisão brasileira espetacular na produção de teledramaturgia, as minisséries da TV Globo são, em sua maioria, fabulosas. Bem escritas, produzidas, dirigidas e interpretadas, com um visual de altíssima qualidade.

O OPAPEL: Você acha que falta incentivo cultural nas pequenas cidades, em relação a teatro, musica, cinema etc.?

Carl: Infelizmente, sim, e isso é uma realidade lamentável em quase todo o país. Enfrentei isso no Rio Grande do Sul, por exemplo, e em diversas cidades mineiras. É muito triste que os administradores públicos raramente tenham sensibilidade para entender que a cultura é primordial na qualidade de vida de um povo. As manifestações artísticas estiveram presentes na vida humana desde o início da civilização. Fazer de conta, fingir, imaginar ser outro, criar situações imaginárias são atitudes essencialmente dramáticas que são criadas pelo homem para desenvolver habilidades, capacidades e provir sua existência. A Atuação é o meio pelo qual nos relacionamos com o outro, ou seja, estabelecemos um jogo. O indivíduo ao deparar-se com signos e situações novas, joga com esses até compreender e internalizar essa situação. O Processo Dramático é considerado um dos mais vitais para os seres humanos, visto que pode ser observado em cada sociedade civilizada, variando de acordo com o desenvolvimento da civilização. Sabemos então, que a característica essencial do homem é a imaginação criativa, esta o capacita para dominar o meio onde vive, superar suas limitações físicas e mentais distinguindo-o dos outros animais. O universo da arte caracteriza um tipo particular de conhecimento que o ser humano produz a partir das perguntas fundamentais que desde sempre (não só na infância), se fez com relação ao seu lugar no mundo.

A manifestação artística tem em comum com o conhecimento científico, técnico ou filosófico seu caráter de criação e inovação, essencialmente, o ato criador.

O OPAPEL: Lagoa da Prata é uma cidade de interior, pequena, mas em franco desenvolvimento; a sua ideia de montar um curso de teatro é bastante intrigante e um incentivo para a cultura de nossa cidade. Como funcionarão as inscrições, qual será o tempo de duração e o que constará da grade curricular do curso?

Carl: O que propomos é a trazer para Lagoa da Prata, por (pelo menos) 01 semestre, o CURSO CARL SCHUMACHER DE ATUAÇÃO CÊNICA (Teatro, Cinema e TV), um curso bem estruturado que formará atrizes e atores que, em curto prazo, estarão atuando de forma concreta e preparada nos palcos da cidade, realizando belos espetáculos que enriquecerão sobremaneira a Arte e a Cultura locais. O Curso serve a todos, pois desenvolve diversas habilidades e aprimora capacidades em qualquer pessoa. O Teatro é um elemento de excelência na formação de indivíduos, como poucos, um excelente instrumento de formação do sujeito, de educação e sócio-cultural, e uma expressão artística necessária e fundamental para a construção de uma sociedade, e também uma forma repleta de elementos que auxiliam na aceitação, compreensão e transformação do ser humano. E isto pode acontecer em qualquer idade, lugar ou classe social. Fazer aulas de Teatro auxilia na adequação social de pessoas tímidas ou imperativas, e ajuda os jovens a ter um melhor discernimento de qual carreira profissional seguir, ter atitudes, aprender a se posicionar perante a sociedade ou diante de um obstáculo.

Os elementos teatrais estimulam o aluno a utilizar novas possibilidades corporais e vocais e, através desta experiência e vivência, aproveitar essas descobertas na vida pessoal, social e principalmente profissional. É interessante perceber como, neste território, a lei do certo e do errado não encontra lugar, pois cada aluno descobre em seu próprio corpo e voz possibilidades dentro de seu próprio limite, ou do que lhe seja mais orgânico. Uma maneira mais comunicativa de se “dizer algo através do corpo”, pode ser mais expansiva para uma pessoa, ou mais sutil para outra. O que importa é perceber, aceitar as diferenças e saber aproveitá-las, tanto nas aulas de Teatro como na vida cotidiana. Tenho vasta experiência nessa área, fui o fundador e diretor da Caos Scênico Produções Artísticas Ltda. em Belo Horizonte, onde se formaram centenas de profissionais nos anos 90 e 1ª décadas dos anos 2000, com dezenas de espetáculos realizados. Desde 1986 eu ministro este curso em diversas cidades do país, com aulas de: Interpretação Teatral; Improvisação; Abstração Lúdica; Relaxamento  Desinibição; Técnica Vocal (Respiração Diafragmática, Impostação, Articulação, Fonética, etc.); História do Teatro; Análise de Textos (Dramaturgia e Teledramaturgia); Técnicas de Interpretação frente às Câmeras (TV e Cinema).

O curso vai de 03 de junho a 15 de dezembro, na Fundação Futura, com apresentações públicas de espetáculos de formação ao término desse período. Temos 2 turmas: 1 às quintas e sextas, de 19,00 às 21:30 horas e outra só aos sábados, das 15 às 18,30 horas. Maiores informações podem ser obtidas pelo celular 37-99988.4994 ou na própria Fundação Futura, onde há um Informativo completo disponível para os interessados e onde já podem ser feitas as inscrições, de segundas a sábados, na parte da tarde.

Neste Curso eu agrego minha experiência na TV (em novelas e programas de emissoras televisivas diversas como Globo, Band, SBT e Cultura – A Favorita, Eterna Magia, A Grande Família, Amazônia, Bang-Bang, Turma do Didi, A Diarista, Faustão, Vídeo-Game, VídeoShow, A Cura, Esmeralda, Água na Boca, Raul Gil, etc), no Cinema (O Aleijadinho, Flor do Tempo, Samba Canção, Circo das Qualidades Humanas, O Guerreiro Didi e a Ninja Lili, Deus me Livre!), no Teatro (autor, diretor e ator, cenógrafo, figurinista e produtor de mais de 70 espetáculos nas últimas 3 décadas) e em Óperas & Musicais (Regissèur e cantor lírico) e, assim, desenvolvi um método próprio que resultou num Curso bastante completo para aqueles que desejam conhecer – com seriedade – o ‘fazer teatral’, mesclando conceitos, teorias e exercícios práticos propostos por 4 grandes mestres da arte de representar: Stanislavski, Brecht, Boal, e Viola Spolin.

 

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