A reunião foi realizada em uma área aberta, com medidas de distanciamento – cada participante teve a temperatura corporal medida antecipadamente

Na manhã desta quinta, 18 de Junho, representantes da Polícia Militar, Polícia Ambiental e veículos de imprensa se reuniram com diretores da Biosev, unidade de Lagoa da Prata, para retomar a campanha de conscientização da comunidade sobre a prevenção de queimadas e incêndios.

A prática é altamente prejudicial à colheita de cana-de-açúcar e a incidência de queimadas na cidade prejudica a qualidade do ar e aumenta consideravelmente a demanda por atendimento médico nas unidades de saúde – o que é ainda mais preocupante neste período de pandemia, em que as doenças respiratórias representam um grande perigo à vida das pessoas.

Na reunião, foram apresentadas as medidas de prevenção e combate aos incêndios adotadas pela empresa, que envolvem inclusive a utilização de aeronaves e satélites.

Um helicóptero será utilizado por um período de oito semanas para monitorar as áreas de plantio. Ele procederá a observação de veículos e movimentação de pessoas nos canaviais.

Os satélites identificam mapas de calor integrados ao sistema da indústria para alertar situações de risco de fogo. Eles cobrem toda a área plantada e conseguem identificar também veículos.

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Além disso, a Biosev conta com uma torre de observação próxima à indústria que cobre uma área de trinta quilômetros de raio.

Prevenção com educação

Como ações preventivas, a Biosev realiza a abertura e manutenção de aceiros (desbastes de terreno entre os canaviais e outras áreas). Nesse mês de junho todas as áreas de plantio já tem aceiros limpos. Próximos às áreas de preservação permanente (APP)  e reserva legal, eles chegam a ter seis metros de largura.

Junto com a Polícia Ambiental, a empresa também promove aulas de educação ambiental nas escolas do município. Como as aulas estão suspensas por causa da Covid-19, será implementado o sistema de video aulas para manter o programa em funcionamento.

Em 2019 pelo menos 2366 hectares de cana foram atingidos pelo fogo, segundo estatísticas da própria Biosev. Esse ano já foram queimados 342 hectares de lavoura.

(Gráfico nas imagens da câmera)

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Leonardo Lovato, superintendente da Biosev: investimentos na prevenção e no combate aos incêndios.

“Esse é um ano que se desenha como um ano seco, então provavelmente teremos aí muitos riscos de incêndios nos canaviais. A Biosev vem se preparando, a cada ano ela vem evoluindo, a gente tem uma estrutura grande de bombeiros, de brigadistas, esse ano a gente tá contando com helicóptero mais uma vez, pra fazer as rondas, pra identificar os focos e os possíveis atos criminosos…”, diz o superintendente da Biosev, Leonardo Lovato.

Segundo ele, a população pode ajudar na prevenção contribuindo com a conscientização das pessoas e também denunciando os casos criminosos.

”As pessoas tem que ficar muito atentas a não fazer essas pequenas queimadas, pra se eliminar lixo, não jogar (bituca de) cigarro (pela janela do carro), que é uma coisa bem emblemática, e o mais importante, porque infelizmente existem pessoas mal intencionadas, a comunidade tem que ajudar a gente a identificar – a gente tem um trabalho forte com a polícia militar, quando ver isso aí a gente tem que denunciar, porque é uma cultura que a gente tem que acabar com ela”, concluiu Lovato.

Usina não queima mais para colher a cana

Rafael Silveira, gerente agrícola: queima de cana é prejudicial à empresa.

Desde o ano de 2016 a Biosev não utiliza mais a queima para colher a cana-de-açúcar. A redução do procedimento começou em 2007 e já a partir de 2013, menos de dez por cento da área cultivada era colhida de forma manual (onde o fogo auxilia no trabalho). Com a colheita mecanizada, além de ser desnecessária, a queima da cana é prejudicial para a empresa.

Isto porque, segundo explica o gerente agrícola da unidade de Lagoa da Prata, Rafael Silveira, o teor de açúcar da cana queimada é mais baixo, não há controle sobre o estágio de crescimento quando o fogo é acidental ou criminoso e a logística de operação da empresa acaba sendo prejudicada, porque a cana queimada tem que ser colhida rapidamente. A cana queimada também aumenta o desgaste das colheitadeiras, projetadas para o corte da cana natural. O fogo também remove a palha resultante da colheita, expondo o solo e comprometendo o preparo da terra feito com corretivos e fertilizantes.

Uma vez que a colheita é totalmente mecanizada, a utilização do fogo passou a ser considerada uma ação altamente prejudicial e indesejada pela empresa.

O inimigo comum – o incendiário

Quem coloca fogo nos canaviais está agindo de forma criminosa, prevista por lei e que pode dar cadeia. A advertência vale também para quem coloca fogo em pastos, lotes vagos e até mesmo em lixo. É uma das principais reclamações encaminhadas à Polícia Ambiental atualmente, segundo o Sargento Leonardo Ribeiro Borges.

De acordo com o Artigo 250 do Código Penal, queimar qualquer coisa em ambiente aberto é considerado crime, além de causar problemas à saúde e gerar poluição. O Código Penal nomeia crimes como as queimadas de “crimes contra a incolumidade pública”, prevendo penas de três a seis anos de reclusão e multa.

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