Entre 5600 participantes de todo o Brasil, o único mineiro premiado é de Lagoa da Prata.

O projeto “Regime Fechado, Visão Aberta”, que utiliza a Bíblia como fonte para o estudo histórico e geográfico junto aos recuperandos da Apac – associação de proteção e assistência ao condenado, de Lagoa da Prata, foi responsável por colocar o professor lagopratense Di Gianni Nunes entre os dez melhores educadores do Brasil.

A informação veio da organização do concurso “Educador Nota Dez”, promovido pela Fundação Vitor Civita, em conjunto com a Editora Abril e a Fundação Roberto Marinho, nessa semana. O projeto já havia sido classificado entre os cinquenta selecionados previamente na primeira etapa, dentre 5.606 propostas pedagógicas de todo o país.

“Nosso projeto foi o único de Minas Gerais a ser premiado”, disse o professor. Em outubro próximo, Di Gianni receberá o prêmio em São Paulo, em solenidade com a participação de autoridades do setor de educação brasileiro e internacional.

O projeto

O trabalho começou com a ideia de um aluno da APAC, que questionou se o livro sagrado poderia ser usado como referência histórica para estudos. A partir daí, conforme explica Di Gianni, disciplinas além da história como paleontologia e arqueologia passaram a fazer parte das aulas, facilitando a compreensão da discussão de temas atuais, como a formação do Estado Islâmico e Israel.

“Isso também motivou os internos a despertar o interesse pela leitura, pelo conhecimento de novas ciências e trabalhou inclusive a auto estima dos alunos e das próprias famílias”, discorre o professor, explicando que além das aulas teóricas, houve também debates, pesquisas e apresentações pelos recuperandos da instituição.

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A escolha

Os trabalhos pré-selecionados são avaliados por uma coordenação pedagógica da fundação, depois uma reunião com toda a equipe de examinadores acontece em São Paulo, onde avaliam critérios como criatividade, originalidade e alcance social.

“Os trabalhos premiados são ideias simples e corajosas que mostram a importância da aprendizagem de crianças e jovens e a tarefa de mantê-los numa boa escola, trabalho esse indispensável para a transformação deste país numa nação melhor e mais justa”, dizem os organizadores.

Notícia repercutiu nacionalmente. Na foto, colunista do Jornal O Globo cita o trabalho.

A APAC

O EJA (Educação de Jovens e Adultos) já existe há quatro anos na instituição, como forma de ressocializar, levando desde alfabetização até ensino médio aos recuperandos que encontram-se em defasagem idade/série.

“A questão da educação é fundamental para melhorar tanto a condição de vida quanto a mentalidade do recuperando, para se devolver à sociedade uma pessoa melhor que a que entrou lá”, analisa Di Gianni.

A APAC – Associação de Proteção e Assistência ao Condenado, é um projeto pioneiro que foi muito bem sucedido na cidade de Itaúna e posteriormente em Lagoa da Prata, entre as trinta e quatro unidades instaladas no estado.

É uma entidade civil de direito privado, sem fins lucrativos, dedicada à recuperação e reintegração social dos condenados às penas privativas de liberdade. Ela figura como forma alternativa ao modelo prisional tradicional, promovendo a humanização da pena de prisão e a valorização do ser humano.

Di Gianni

Professor licenciado em história pela Unifor, graduado em Direito pela Fadom, pós graduado em história pela UFMG, Di Gianni Nunes atua na área de educação desde 2004, tendo sido eleito vereador na Câmara Municipal de Lagoa da Prata entre 2012 e 2016.

Já foi vencedor do prêmio “Caminhos do Mercosul” em 2006 e atualmente leciona na Escola Estadual Monsenhor Alfredo Dohr, no Instituto Maria Augusta Machado – IMAM e na APAC.

Di Gianni e seus alunos, no Monsenhor e no Imam

Depoimentos dos recuperandos que participaram do projeto:

“Eu acho uma experiência muito boa, tudo começou num debate na sala de aula e agora tá fazendo esse sucesso todo aí, a gente agradece pelo valor que tivemos nesse projeto, André Geraldo”.

“Foi um grande incentivo pra mim e pra minha família, que passou a acreditar mais no meu potencial. Evadson Geraldo”

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